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MAGDEBURG


Ficámos na outra margem do rio. Vista para o rio, vista para a cidade, ouvidos postos nos sinos, que tocavam ao mesmo tempo, às 18h. Ouviam-se bem.

Na varandinha, em frente à caravana, montámos as luzes, a mesa e as cadeiras. Mas o frio só nos deixava sentar um pouco às 18h, na hora dos sinos, encasacados, narizes gelados.

Lembro-me mais da cidade vista da outra margem.

A rede era boa, tínhamos WI-FI, as aulas correram calmamente. Por isso debruçávamo-nos pelas ruas do centro à vez.

No caminho pela Floresta, a oportunidade de pôr a conversa em dia.

Descobrimos as árvores do nosso caminho. (Quem me dera conhecê-las a todas pelas folhas.) Juntámos as folhas mais bonitas, fotografámos e entitulámos: As árvores do nosso caminho.

Nesta viagem damos muitas vezes títulos aos momentos. Acho que temos medo de os esquecer.

As pessoas não deviam ser definidas por títulos (muito menos por números!), para não serem esquecidas.

Tento explicar aos meus filhos, não tenho a certeza se percebem exatamente o que quero dizer.

As definições deviam ser coisa, apenas, de dicionário. São muito definitivas.

As pessoas mudam, embora muitas vezes não o saibam. Aliás, os tempos mudam porque as pessoas mudam.

Por isso repito: os títulos que definem pessoas deveriam ficar pelas Obras de Arte, de qualquer tipo.

Não estou certa de que vocês me percebam também, mas tenho esperança!

- Nunca meças o teu valor pela forma como te tratam. – disse o cavalo à criança.

Gosto dos livros para a infância, porque têm a audácia de explicar aos adultos o que as crianças percebem facilmente. Os adultos complicam sempre. Eu complico.

- O teu copo está meio vazio ou meio cheio? – perguntou a toupeira.

- Estou muito contente por ter um copo. – disse a criança.

Gosto das conversas que alimentam os nossos caminhos, a pé. O Ricardo decidiu à ultima da hora deixar as bicicletas em Portugal. Confesso que fiquei chateada. Mas se fôssemos a pedalar não tinhamos tempo para misturar tantas ideias nas nossas cabeças…

- É estranho que só vejamos o exterior das pessoas quando tudo se passa no interior. – não sei quem disse, se a criança se a toupeira . 😊


(Frases traduzidas dos livro “L Enfant, La Taupe, Le Renard et Le Cheval“ de Charlie Markey.)




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