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Vincent


Caro Vincent, eu sei que “não querias pintar quadros, querias pintar a vida”, por isso te pergunto: o que pintarias, nos dias de hoje, em Arles?

A falta de vida, talvez, que a bem pensar é também um próprio estado do viver…

Ainda bem que existem campos (muito menos), cujas cores não conseguem ser absorvidas pela vida, cada vez mais, despojada de sentido artístico que hoje conduz a nossa sociedade.

As janelas, ou melhor, as portadas das janelas dos os edifícios têm os seus tons alfazema a serem levados pelo tempo… e eu, que não sei pintar, queria tanto fotografar as cores de Provença…

Acho que ficarias desolado com o café “La Nuit” porque, apesar de agora ter o teu nome, é também estacionamento para carros, quando encerra…

E eu, que o fantasiei cheio de movimento e gente (conseguiríamos mesa?).

Salva-se o Anfiteatro, que se agarra ao facto de ser património mundial da UNESCO há 40 anos.

Que pena. Que pena porque Arles tem um potencial brutal!

Valem-nos as imagens pinceladas que nos deixaste, para termos a noção da beleza de outrora, mesmo que os teus pinceis carregassem uma angústia tenebrosa que habitava o teu ser.

Mas isso seria para outra carta.

Sabes, nos dias de hoje as angústias têm outros nomes e, penso, já existem novos caminhos que não nos levam a terminar num campo de trigo.






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